Não custa nada ser autarca
NÃO CUSTA NADA SER AUTARCA.
Fazer obra com o dinheiro do nosso bolso é uma coisa, fazê-la com dinheiro de uma herança, emprestado ou de um fundo qualquer que ninguém sabe de onde vem, é outra muito diferente. É por isso que desde há quarenta anos que não há um muro, um chafariz ou uma placa toponímica numa esquina em Portugal que não tenha sido pago com o dinheiro da pesada herança, do um banco ou vindo sabe-se lá de onde. Não custa nada ser autarca.
E alguns só lá ficaram 40 anos porque o poleiro tem de ser distribuído por todos e porque, até o caciquismo tem limites.
Agora, com um país a mato a importar 500 mil toneladas de batatas das 900 mil consumidas, com milhares de polidores de esquinas a viver de subsídios, temos como principal riqueza económica o turismo que, como se sabe, basta um pequeno tremor político, para ter a mesma consistência que um pacote de manteiga em cima de uma laje num eirado no Verão.
Vem de longe: Dos sumérios aos gregos, dos romanos aos descobrimentos…
Há milénios que é mais fácil iludir o povo com beijinhos e pândega a roubar o próximo de arma em punho ou de mão estendida a vender banha da cobra, do que ser honesto e “ensinar” toda a gente a trabalhar.
“Resta-nos o Sol, o turismo e o servilismo de bandeja”.
Marcelo Caetano o disse, a premunição está aí.
NOTA: Dizem os holandeses; "Deus fez o mundo, os holandeses fizeram a Holanda". Com verdade: Uma boa parte dos 40 mil quilómetros quadrados da Holanda, os famosos polderes, foram conquistados pelos holandeses ao Atlântico. A Holanda, 200 vezes mais pequena que o Brasil exporta mais produtos alimentares que o país da América do Sul; Portugal, um território agrícola abençoado por Deus, mais de duas veze maior que a Holanda, importa 500 mil toneladas de batatas das 900 mil consumidas.
Aniceto Carvalho