Filho de Juiz, como se sabe uma preciosa ajuda para candidato a polidor de esquinas, estudou enquanto os pais tiveram mão nele, depois disso, direito, cinema na Sorbonne, sabe-se lá que mais, tudo ficou pelo caminho.
Aproveitou a estadia em Paris, (no tempo da Guerra do Ultramar, claro está), viu uns filmes, voltou a Portugal, passou a génio do cinema, finalmente, sabe-se lá pago por quem, fez um filme em 1973 aos 34 anos.
Deu-se a seguir o 25 de Abril, intelectual de esquerda a toda a velocidade, ao pé dele um tal Steven Allan Spielberg é uma nulidade.
É O QUE TEMOS…
Na maior… O problema é que por estas e por outras como estas é que depois aparecem criaturas na televisão a dizer que “a responsabilidade do local de aterragem de um helicóptero não é do piloto, nem nunca pode ser”.
MUDAM-SE OS TEMPOS.
Acabávamos de ter um grave acidente de helicóptero… No entanto, embora o aparelho tivesse ficado totalmente desfeito, saíram dos destroços cinco pessoas sem uma beliscadura, entre os quais o engenheiro Edmundo e os dois filhos, dois miúdos de cerca de dez anos. Um daqueles milagres.
Tive de ir ao local, claro... na Estima, no sopé do planalto do Songo.
Depois de ouvir algumas opiniões dos presentes, conhecedores do assunto, evidentemente, manifestei a sós para o chefe de pilotos as minhas dúvidas sobre a avaria que se dizia ter acontecido a bordo.
O Joaquim Prazeres foi simples e claro:
- Ninguém se magoou, Aniceto… o resto não interessa.
Hoje são semanas na controvérsia, a discutir o sexo dos anjos, conversa da treta na televisão a sacudir a água do capote, em vez de se resolverem as coisas no local certo por quem sabe, e a aprender para o futuro.
Era um encanto enquando subíamos ao balcão do Joaquim de Almeida, no Montijo, no Chaby Pinheiro, em Algueirão-Mem Martins, no átrio do EDEN, do São Jorge, do Politeama ou do Monumental. Qual delas (ou deles), a(o) mais esfusiante, a(o) mais famosa(o), dos artistas da Meca do Cinema.
Era só nas nuvens. Com os pés bem firmes na terra, com dezassete, dezoito, dezanove ou vinte anos, nunca vi no meu meio que alguém pensasse na vida de palco e luzes como profissão ou futuro... nem que pudesse haver um país a valer-se da generosidade da sua juventude a criar universidades para levar milhares de adolescentes a uma vida de sonhos e pouco mais.
SUBSÍDIOS
Uma certa autarquia da velha Lusitânia subsidiou em quatro mil Euros uma tourada lá no burgo. A oposição quis saber a razão do subsídio, a autarquia explicou: “A tourada faz parte do programa cultural da terra”.
Nada demais. Quatro mil Euros não é dinheiro para uma autarquia, pouco importa se é para tourada, se para uma exposição de pintura de cus.
Não é por aí que o gato vai às filhoses.
Demais é quando os “GATOS” são mais que muitos… e em vez dos seus próprios meios e trabalho, se valem dos dinheiros públicos e das amizades políticas para darem espectáculos da treta em casas vazias.
E isto é todos os dias de norte a sul do país.
Quem não tem dinheiro não tem vícios, ensinaram-me em pequeno.
VELHOS HÁBITOS
Comentário a um vídeo que mostra um motorista de autocarro, não sei onde, a transportar ao colo uma passageira deficiente motora.
(Não é vídeo de promoção pessoal, nem nada dessas coisas).
A PROPÓSITO:
Um português radicado nos Estado Unidos há muitos anos, foi tirar a carta de condução. Chegou ao respectivo departamento, ia preparado, fez exame, pouco tempo depois, (uma hora?), tinha o documento na mão.
No fim explicava: “É PARA ISSO QUE ELES LÁ ESTÃO!”
(Referia-se à eficiência dos funcionários).
Pois é. É tudo uma questão de educação, de cultura, de profissionalismo, de competência... nós por cá estamos mais habituados a greves.
Atentem nas palavras do Líder Carismático do Partido Socialista, Mário Soares, «Pai da Liberdade, da Democracia e da Descolonização Exemplar» (nem Padrasto...) que naquela hora de Lucidez não só disse Verdades sobre Salazar (Que Descanse em Paz!) como, pelo contraditório, apontou Enormes Defeitos aos seus Correligionários e Adversários Políticos.
Políticos Ignorantes do Absoluto Rigor e dos Inabaláveis Princípios Éticos, que hoje, 49 anos depois da sua Morte não têm ponta de vergonha de acusarem SALAZAR do que se passa actualmente em Portugal.
Todo o resto do vídeo decorre em afirmações que NENHUM dos Políticos Portugueses desde o celebrado Abril de 1974, salvo uma ou outra honrosa excepção, merece que se lhes dedique um pingo de respeito.
Políticos que continuam a mostrar, cada vez mais, a sua incapacidade para Governar ao mesmo tempo que tornaram PORTUGAL num País Onde Roubar Tirar Usurpar Gamar Aldrabar é Legal.
Um Péssimo Exemplo para os Mal Governados.
Passaram há poucos dias 129 anos sobre a data do nascimento do Professor António de Oliveira Salazar, altura em que o país assiste ao espectáculo degradante de Sócrates e de Pinho, vale a pena ver este vídeo.
A CONSTATAÇÃO
Segundo as últimas, parece ter-se chegado finalmente à conclusão por aí que gavetas cheias de papeis não apertam parafusos, que cartão do partido não é sinónimo de honestidade e verticalidade, que canudo não é garantia de inteligência, de competência ou de que se saiba fazer alguma coisa.
(As "últimas" resultam de umas declarações ao mais alto nível ao que parece muito envergonhadas com a podridão que escorre nas sarjetas).
Esperemos que, como nos constou, que qualquer candidato a político venha a ser escrutinado até ao limite… que um dia qualquer destes o governante corrupto e a dita comunicação social que dele se alimenta não passem de uma recordação dos últimos quarenta anos. Façamos votos para um dia o governante nos mereça o respeito que devia merecer…
Acreditemos que as premonições do Marcelo Caetano sejam uma lembrança tenebrosa de um período fatídico da História de Portugal. Amém
QUE, alguém responsável por um serviço nacional de qualquer coisa, não sabe a diferença entre uma fotocopiadora e uma ambulância.
Não sou eu que invento… os que os conhecem é que o dizem… (Como eu sabia dos profissionais que trabalhavam comigo no meu tempo):
Dizem que o director de A não sabe a diferença entre um grilo e uma vaca loira, que o responsável de B não diferencia uma laranjeira de um pinheiro, que o gestor de C não distingue uma galinha de uma couve flor.
OUVE-SE POR AÍ… É recorrente, no dia a dia ao mais alto nivel.
Pergunta então a minha curiosidade: Haverá por acaso alguma área da vida portuguesa onde haja gente competente a dirigir alguma coisa?
Tenho muitas dúvidas… e as amostras estão por aí:
O filme português que vi esta madrugada na RTP, (exibição de madrugada, diz tudo), confirma o retracto de um país entregue ao Deus dará.
Quando eu tinha mais ou menos os meus vinte anos, por vezes passava umas noitadas a cirandar por Lisboa de um lado para o outro.
Em geral tomava o pequeno almoço num café da baixa, frequentemente no Café Gelo, mesmo em frente da Estação do Rossio.
Embora normalmente um bocado cedo, nunca lá faltavam umas raparigas vistosas, aprumadas, acompanhadas de uns tipos do nível delas, que nós deduzíamos, eu e os que me acompanhavam, não ser chungaria da Almirante Reis, mas sim gente de outro quilate, do género jovem emancipada da altura, que fumava, andava a estudar, qualquer coisa assim, etc. e tal.
Davam nas vistas, nós comentávamos: “O género de mulher capaz de encher as medidas a qualquer um… para os outros” – acrescentávamos.
Foi o dono dos famososíssimos Armazéns Grandella, que desapareceram no incêndios do Chiado, em Lisboa, há trinta anos. Francisco de Almeida Grandella era um miúdo da província, Aveiras de Cima que, aos dez anos, veio para Lisboa como empregado de comércio na Rua dos Fanqueiros.
E Gabriel do Carmo, sabe quem foi?
Senhor de uma razoável fortuna no centro do Montijo nos anos 50, lá pelos princípios do Século XX empurrava uma carrocinha a vender fruta de porta em porta pelas ruas da Aldeia Galega de então.
Sabe quem foi Miguel Torga? E Ferreira de Castro?
Já ouviu falar de Francisco Beatriz, Alfredo Soeiro, etc. etc., ou milhares e milhares de outros que vindos do nada fizeram Portugal mexer?
Quantos empreendimentos, industriais, comerciais, etc. conhece você feitos do nada por doutores com o seu próprio dinheiro ou trabalho?
Dá que pensar… não dá?
É que quem nunca fez, também não sabe fazer… e o resto é música
Zona com centenas de quilómetros quadrados, a Oeste de Washington, na costa do Pacífico, de condições ao desenvolvimento da floresta, como o Estado Norte Americano anexo, como se sabe, rico em madeira.
Houve por ali um sismo há uns anos. (Salvo erro passa por ali o chamado Anel de Fogo do Pacífico). Seguiu-se um deslocamento telúrico, as terras aluíram abaixo do nível do mar, toda a zona foi invadida pelo Pacifico, meia dúzia de anos depois, estão lá gravetos no ar.
O que é que a mão humana tem a ver com isto?
Mutatis mutandis, mutandis mutatis, que é como quem diz: O que é que os foguetes da festa de aldeia têm a ver com os incêndios?
Eu pensava que nós, os portugueses, tínhamos o monopólio da inteligência, da capacidade intelectual, do bom senso, etc. e tal e por aí fora.
Enganei-me, temos concorrência: Os franceses.
Com milhões de polidores de esquinas a viver de subsídios, e países inteiros à espera de um sacho, estão a fazer hortas nos telhados de Paris.
Aniceto Carvalho
O DESFRIBILADOR
Que não se deve mexer com um sinistrado é uma coisa que eu naturalmente aprendi há cerca de oitenta anos, desde que me lembro. Pela profissão que mais tarde exerci como participante activo no transporte de feridos na guerra, etc., alguém me devia ter ensinado alguma coisa do assunto.
Ninguém me disse nada. Acho que toda a gente sabia muito bem que, por muito que isso custasse era muito mais seguro e sensato deixar em paz e imobilizado um acidentado até chegar o socorro especializado do que tentar salvar uma vida sem conhecimento do que se está a fazer.
Presenciei uma situação dessas e não gostei.
Nem gostaria que um aprendiz de condutor completamente desnorteado em presença de um acidente me aplicasse a mim um desfibrilador.
Mas vai ser assim, diz-se: Os novos candidatos à carta de condução vão ter de aprender a trabalhar com a maquineta de reanimação.
Com tanta cavalidade, trapalhice e incompetência diária há tanto tempo, que importância tem uma estupisez a mais ou a menos?
Aniceto Carvalho
CÃES DE CALÇÕES NA PRAIA
Estamos na fase em que as pessoas andam nuas na praia, e os cães, de calções e óculos esculos. Foi o que eu vi por aí nas últimas horas. Com 83 no papo, quero que se lixe, quem vier atrás que feche a porta do chiqueiro.
Aniceto Carvalho
ESTÁ TUDO LIGADO
“Está tudo ligado” – como se dizia em certa época. E agora se pratica: Festa do Avante, eleições por perto, terreno a fugir debaixo dos pés, vem a calhar transladar o José Afonso para o Panteão Nacional. Por mim acho bem. Talvez consigam encher aquilo antes de eu morrer… não vá o diabo tecê-las.
Aniceto Carvalho
AQUI PARA NÓS:
Já descobriram qual a única actividade no mundo na qual se chega ao topo apenas por ser simpático e bem falante?
O meu pai fazia bailes lá em casa. Atirava uns foguetes ao ar, toda a gente em redor ficava a saber que havia baile em casa do José Adelino.
Couchel fazia a festa da sua padroeira, a seguir era a de Vale Vaz, a aldeia ao lado, depois a de Vale de Vaíde, a do Forcado, a da Marmeleira, toda a região hoje pomposamente chamada de Pinhal Interior Norte era uma girândola de foguetório desde manhã à noite quando se aproximavam os meses do fim das colheitas, de Agosto e Setembro.
Um pouco mais tarde, de 1954 a 1960, eu corria Portugal pelo ar de uma ponta a outra centenas de vezes... Não me recordo de ter guardado na retina qualquer imagem de incêndio florestal desse tempo.
Hoje, com aviões, fortunas em meios de combate a incêndios, o abrilista proíbe o fogo de artifício numa das maiores romarias portuguesas.
Foi um fervoroso seguidor do Estado Novo: Era jornalista, escreveu livros, milhares de artigos, tinha um programa na Rádio Clube de Moçambique de apoio aos soldados portugueses na Guerra do Ultramar, e até os recebia de férias em Lourenço Marques com pompa e circunstância.
Há uns anos atrás, antes de morrer, apareceu num execrando programa da RTP a dizer, (eu vi e ouvi), que os acampamentos do Gabinete do Plano do Zambeze na zona da albufeira da Barragem de Cabora Bassa não eram nada mais nada menos que campos de concentração nazi.
Eu não falo por ouvir dizer: Para bem de milhares de seres humanos que nem faziam a menor ideia do que era uma torneira a deitar água, baldes do meu suor ficaram na construção desses acampamentos.
Com 83 anos, e uma vida de trabalho, desde os 12 a mais de 200 quilómetros das saias da minha mãe, 10 de Guerra pelo meu país, a trabalhar sempre e quando era preciso sem nunca ter ganho um hora extraordinária, eu só queria entender como é que alguém pode passar a vida a protestar contra a profissão para a qual andou a estudar uma data de anos.
Nos anos 40 do Século XX a lavoura era feita com animais auxiliares.
Na minha região, em geral, como quem tem hoje um tractor, tinha então uma junta de bois. O meu avô, com quem eu fui criado, tinha uma.
A “vara dos bois”, uma vara própria para conduzir os animais, tinha na ponta um “aguilhão” um pequeno espeto de ferro, de 2/3 milímetros para melhor levar os bichos a obedecer- Por certo. na altura, com inevitáveis abusos.
Foi então que uma lei do princípio dos anos 40 limitou o tamanho do aguilhão, com uma multa pesadíssima a quem o usasse com mais de um milímetro.
O meu avô nem ligou… os bois dele eram da família.
Hoje, no final da segunda década do Século XXI mostra-se pela televisão pública um "artista" de 120 quilos em cima de um animal a espirrar sangue pelos flancos por causa dos golpes das esporas da avantesma que o monta.
Não alinho em protestos… mas que isto é lindo, lá isso é.
A duração normal do curso de pilotos na Força Aérea Portuguesa era de um ano na década de 50… no início das hostilidades do Ultramar Português, em 1961, porque a Base Aérea 1, em Sintra, de treino avançado, não dava vazão ao fluxo de alunos admitidos e que acabavam o treino básico na Base Aérea 7, em Aveiro, passou a durar dois durante algum tempo.
Para que se saiba, e deixar bem claro o que se pretende dizer: A Força Aérea Portuguesa foi sempre constituída apenas por voluntários.
E não só a Força Aérea Portuguesa: Eram igualmente só com voluntários a Armada, os Paraquedistas, os Fuzileiros, os Comandos, etc. etc.
Dos militares do contingente geral, como qualquer deles hoje honestamente o poderia dizer, só uma pequena percentagem esteve obrigada na Guerra do Ultramar. Avançar era o sentimento geral… O resto é folclore.
Portanto, gente que anda agora por aí a escrever patetices sobre a Guerra do Ultramar, não merece o menor crédito. Eu andei por lá dez anos.
Cheguei a estar com mais dois irmãos na Guerra do Ultramar ao mesmo tempo… E, sem que alguém tivesse mexido uma palha para o evitar, só não fomos lá parar os seis irmãos porque não calhou.
Das razões para não ser mobilizado para a Guerra do Ultramar, uma delas era ter lá já um irmão, a outra era saber dar pontapés numa bola.
Mas isso não interessa: Nós lutámos na Guerra do Ultramar como os nossos antepassados lusitanos tinham defendido a família, a casa e o castro de um qualquer sacana que vinha lá de longe roubar o que era nosso.
Lá porque a conversa convém, não é necessariamente verdade.
Tenho muita pena... Tenho muita pena que embora minha total desconfiança em aceitar a “incompetência” que dizem grassar por aí, nomeadamente nos meios de combate a incêndios, parece que, afinal, a tal falta de jeito para fazer seja o que for existe mesmo neste nosso tempo, e está para durar. Em quantidades industriais, diz-se.
Explica-se: Se quase 50% do que eu tinha de saber fazer há setenta anos vem hoje feito da origem, ninguém precisa de o aprender a fazer. E quem não faz, não sabe fazer.
A abismal diferença entre as gerações do meu tempo e as actuais é que as de então tinham meia dúzia de anos de trabalho aos vinte…
Muito importante. É que começar a trabalhar no princípio da adolescência, embora não o pareça e muita gente julgue o contrário, com alguns ajuste, é muito mais positivo do que se possa imaginar. Chegar aos vinte e tal anos sem pregar um prego é como começar a falar aos cinco ou seis anos.
Pode é não interessar politicamente… mas isso é outra coisa.
Sete anos de trabalho, dos treze aos vinte, são sete anos a educar a vontade e a disciplina, a coordenar e a ginasticar as funções motoras, a ensinar o cérebro como dizer às mãos para fazerem o que ele quer.
Com sete anos de trabalho, qualquer jovem de vinte é um profissional em qualquer parte do mundo, na pior das hipóteses está bastante treinado a adaptar-se a fazer qualquer coisa; hoje, o jovem chega a adulto viciado na noite, em ócio, em festivais disto e daquilo… passou a adolescência a “estudar” para não saber mexer uma palha, eventualmente espera entrar na universidade para tirar um curso que nem ele sabe para quê, que não serve a ele nem à sociedade que lho pagou.
Cuidado com os exageros de que “as crianças precisam é de brincar e os adolescentes de se divertir”. Cuidado com os exageros.
Estudar é trabalhar, sabemos. Sim, quando levado a sério, com interesse e dedicação… não porque o paizinho quer que o menino seja doutor, para passar a adolescência na boa ela sem qualquer objectivo de vida.
Em qualquer caso, mesmo a um aluno dedicado não faz mal nenhum uma pequena obrigação extra escolar. Pelo contrário. Embora muita gente não o saiba… e outra esteja muito interessada que tudo assim continue.
Sabiamente programado: Como o foi a destruição do ensino escolar técnico, da indústria, das pescas, da agricultura, da Marinha Mercante, das Forças Armadas. Tudo isto muito mais “importante” do que parece.
A minha mulher chegou a vir recambiada de Luanda, em 1963, onde não faltava nada, para Portugal, com princípio de um esgotamento por aversão às baratas… Nove anos mais tarde, no inferno tórrido de Tete, afastava com as mãos as cobras dos ninhos das galinhas para ela tirar os ovos.
Foi nessa altura que eu desisti de entender as mulheres.
Como o malandro do cuco, que nunca se deixa ver, (e tem razão para isso, porque como ninguém gosta dele limpavam-lhe o sebo), o rouxinol também passa a vida meio escondido nas sebes densas e húmidas, normalmente de noite e afastadas das povoações.
É um prodígio ver um rouxinol ou encontrar-lhe o ninho.
Se o rouxinol faz a vida de noite, tem de dormir de dia. Daí que:
Dorme onde calha, e encontra poiso longe de tudo. Até mesmo no arame de um corrimão, onde os ramos da videira deitam as “garras” helicoidais para se agarrarem ao que as rodeia e sustenta enquanto crescem.
Pousado no arame do corrimão, solinho bom, o rouxinol deixou-se dormir. Nem deu por nada quando o gavião se enrolou em volta da pata.
Quando acordou foi o diabo: Quis voar, bateu asas, barafustou… nada.
Foi então que Nossa Senhora passou por ali. Soltou o rouxinol, ele foi à vida todo contente. Mas não se esqueceu da Salvadora.
Desde então, sempre que ouvirem por aí um rouxinol escutem bem:
NOTA MUITO IMPORTANTE: A última vez que ouvi um rouxinol foi no silêncio total de uma madrugada dos meados dos anos oitenta.
O canto do rouxinol é de tal modo inconfundível e suis generis que, por todas as circunstâncias do momento, tive imediatamente a certeza absoluta que era o que eu estava a ouvir.
Ainda não encontrei nenhum som na Internet identificado como canto do rouxinol que me tenha dado a mesma certeza.