Tenho muita pena... Tenho muita pena que embora minha total desconfiança em aceitar a “incompetência” que dizem grassar por aí, nomeadamente nos meios de combate a incêndios, parece que, afinal, a tal falta de jeito para fazer seja o que for existe mesmo neste nosso tempo, e está para durar. Em quantidades industriais, diz-se.
Explica-se: Se quase 50% do que eu tinha de saber fazer há setenta anos vem hoje feito da origem, ninguém precisa de o aprender a fazer. E quem não faz, não sabe fazer.
A abismal diferença entre as gerações do meu tempo e as actuais é que as de então tinham meia dúzia de anos de trabalho aos vinte…
Muito importante. É que começar a trabalhar no princípio da adolescência, embora não o pareça e muita gente julgue o contrário, com alguns ajuste, é muito mais positivo do que se possa imaginar. Chegar aos vinte e tal anos sem pregar um prego é como começar a falar aos cinco ou seis anos.
Pode é não interessar politicamente… mas isso é outra coisa.
Sete anos de trabalho, dos treze aos vinte, são sete anos a educar a vontade e a disciplina, a coordenar e a ginasticar as funções motoras, a ensinar o cérebro como dizer às mãos para fazerem o que ele quer.
Com sete anos de trabalho, qualquer jovem de vinte é um profissional em qualquer parte do mundo, na pior das hipóteses está bastante treinado a adaptar-se a fazer qualquer coisa; hoje, o jovem chega a adulto viciado na noite, em ócio, em festivais disto e daquilo… passou a adolescência a “estudar” para não saber mexer uma palha, eventualmente espera entrar na universidade para tirar um curso que nem ele sabe para quê, que não serve a ele nem à sociedade que lho pagou.
Cuidado com os exageros de que “as crianças precisam é de brincar e os adolescentes de se divertir”. Cuidado com os exageros.
Estudar é trabalhar, sabemos. Sim, quando levado a sério, com interesse e dedicação… não porque o paizinho quer que o menino seja doutor, para passar a adolescência na boa ela sem qualquer objectivo de vida.
Em qualquer caso, mesmo a um aluno dedicado não faz mal nenhum uma pequena obrigação extra escolar. Pelo contrário. Embora muita gente não o saiba… e outra esteja muito interessada que tudo assim continue.
Sabiamente programado: Como o foi a destruição do ensino escolar técnico, da indústria, das pescas, da agricultura, da Marinha Mercante, das Forças Armadas. Tudo isto muito mais “importante” do que parece.