Lá porque a conversa convém
LÁ PORQUE A CONVERSA CONVÉM…
A duração normal do curso de pilotos na Força Aérea Portuguesa era de um ano na década de 50… no início das hostilidades do Ultramar Português, em 1961, porque a Base Aérea 1, em Sintra, de treino avançado, não dava vazão ao fluxo de alunos admitidos e que acabavam o treino básico na Base Aérea 7, em Aveiro, passou a durar dois durante algum tempo.
Para que se saiba, e deixar bem claro o que se pretende dizer: A Força Aérea Portuguesa foi sempre constituída apenas por voluntários.
E não só a Força Aérea Portuguesa: Eram igualmente só com voluntários a Armada, os Paraquedistas, os Fuzileiros, os Comandos, etc. etc.
Dos militares do contingente geral, como qualquer deles hoje honestamente o poderia dizer, só uma pequena percentagem esteve obrigada na Guerra do Ultramar. Avançar era o sentimento geral… O resto é folclore.
Portanto, gente que anda agora por aí a escrever patetices sobre a Guerra do Ultramar, não merece o menor crédito. Eu andei por lá dez anos.
Cheguei a estar com mais dois irmãos na Guerra do Ultramar ao mesmo tempo… E, sem que alguém tivesse mexido uma palha para o evitar, só não fomos lá parar os seis irmãos porque não calhou.
Das razões para não ser mobilizado para a Guerra do Ultramar, uma delas era ter lá já um irmão, a outra era saber dar pontapés numa bola.
Mas isso não interessa: Nós lutámos na Guerra do Ultramar como os nossos antepassados lusitanos tinham defendido a família, a casa e o castro de um qualquer sacana que vinha lá de longe roubar o que era nosso.
Lá porque a conversa convém, não é necessariamente verdade.
Aniceto Carvalho