Tem sido por aÍ um alarido desde que uma pujante onda de intelecto lusitano animou nos últimos dias o rectângulo peninsular com um desbastador abaixo-assinado onde 150 obscuras criaturas cá da terra apelavam à unidade anti-fascista de 147 milhões de eleitores brasileiros.
Até uma tal Tânia Ribas de Oliveira, uma apresentadora de televisão, da RTP, claro está, veio hoje a terreiro dizer da sua trintesa pelo que está a acontecer no Brasil.
Uns vão ao circo ver os palhaços... outros chega-lhes ficar em casa.
Nem no tempo das Invasões Francesas, nem das Guerras Liberais, se viu em Portugal tanta gente borrada de medo por perder as mordomias como esta esquerdalha nula, polidora de esquinas e incapaz, que atualmente infesta a política nacional, os chamados meios de comunicação social, a vida artística, os sindicalistas e afins, os manifestantes subsídio-dependentes, os desempregados profissionais, etc., o próprio ar que os portugueses respiram.
Todo o indivíduo que se intitula democrata e depois não respeita o voto dos outros não merece sequer viver no meio de gente de bem, decente e civilizada.
Uma coisa é rigorosamente certa e verdadeira: Quem não deve não teme.
Não alinho em grupos, nem vou em modas. Não tenho tempo, pachorra, nem sou suficientemente hipócrita ou bastante cínico para fingir tratar "carinhosamente" animais ferozes que esquartejam selvaticamente outros indefesos que não fazem mal a ninguém, para depois ganhar do bom com lições de conservação da natureza nas televisões a enrolar parolo menos avisado.
Não durmo com cães na cama, mas também não lhes dou pontapés
No seguimento do pensamento de Joseph Pulitzer, de há quase 150 anos, tinha eu acabado de escrever: "A imprensa, atualmente, é como um incendiário que deita fogo para depois vender material de extinção". Volto-me para a televisão, anuncia a pivot do dia na RTP: "O noticiário vai acabar hoje mais cedo para transmitir do jogo de futsal Braga/Sporting".
Quer se dizer, portanto: A informação ao cidadão pagante, não tem nada a ver com a quantidade ou qualidade das notícias, depende do tempo que a televisão tiver disponível.
GOSTAM ASSIM, OU QUEREM COM MAIS MOLHO?
Entretanto outros ventos: Com a notícia de um acontecimento do outro lado do mundo a chegar primeiro a um qualquer computador ou telemóvel do que a quem a devia divulgar, resta aos chamados meios de comunicação social atear fogos para vender material de extinção.
Tudo o que é demais, acaba... a arrogãncia também não podia durar sempre.
Eu reformei-me aos 43 anos de idade com o tempo todo de serviço num sistema que mais de vinte anos antes sabia que ia ser assim. Tudo rigorosamente legal e sem espinhas.
Será que mais de 40 anos depois do 25 do Abril ainda não se atingiu esta velharia fascista?
Sobre a "teoria" de António Lobo Antunes, em entrevista recente, interrogando-se, relativamente a Fernando Pessoa, se quem nunca fodeu pode ser um bom escritor.
Não sei se alguma vez li fosse o que fosse do Fernando Pessoa.
Deve ter-me passado ao lado. Não me posso pronunciar sobre a sua escrita. Mas a do António Lobo Antunes conheço... e se ele acha que a qualidade da escrita depende de maior ou menor tesão, então ele deve ser um bom monte de merda com uma mulher na cama.
E que não venha para cá que eu não lhe compreendo a arte... essa conversa faz sono.
Um dos piores aspectos da contra-guerrilha: Normalmente fanático, próximo da selvajaria, o guerrilheiro, (ou terrorista), não tem escrúpulos no emprego dos meios mais drásticos para atingir os fins... aqueles que se lhes opõem, porém, quando civilizados, sensíveis, cultores de valores morais, todos se confrangem por terem de lançar mão dos meios análogos para o bater.
(Extraído de o "DEPOIMENTO").
Como numa sociedade que se diz civilizada, mas permissiva até ao paradoxo: Na qual se exige à autoridade para RESPEITAR um criminoso que não respeita nada nem ninguém.
outros não querem saber, ninguém diz nada... e, enquanto isso, analfabetos polidores de esquinas continuam refastelados na poltrona como professores universitários a fazer de um país inteiro que os sustenta generosamente um redil de carneiros de coleira e açaimo.
Mas deveras preocupante, para um sistema de seres rastejantes que vivem no estgeco da sarjeta, é a "FALTA DE RESPEITO" das autoridades ao publicarem fotografias de criminosos confessos cheios de saúde e vigor que assaltam e agridem idosos para os roubar. ATÉ QUANDO?
Anda por aí gente de topo, filhos de ministros da outra senhora que, sem o 25 de Abril ninguém no mundo sabia que eles existiam... e outros que, embora metidos à pressão em lugares chave por compadrio, etc., mesmo assim foram corridos por incapacidade de onde tinham sido encaixados.
Querem nomes? Isso era duvidar da inteligência de quem tiver pachorra de ler isto.
Porque calhou, ou do meu ouvido, música de rádio sempre tive a melhor.
Comecei com um RCA Victor a ouvir todos os sábados à noite música de dança com o conjunto de Domingos Vilaça do Wonder Bar do Casino Estoril.
Tinha catorze anos. Depois vieram outras músicas...
Sem ser necessariamente o mais caro, na minha casa o som sempre foi do melhor.
O do aparelho de rádio do Clube de Especialistas da Base Aérea 6, no Montijo, ficou-me gravada para sempre... o da orquestra do Helmut Zacharias que ouvia nos princípios dos anos 60, no Clube de Sargentos da 2ª. Região Aérea, em Luanda, era simplesmente deslumbrante.
Imaginem pelo cheirinho neste vídeo.
"Vale mais experimentá-lo que julgá-lo, mas julgue-o quem não puder experimentá-lo".
Estive a ver um pouco de televisão dedicado ao António Carvário. O Calvário fez 80 anos.
Como se sabe, o Calvário é um bom exemplo de quando havia artistas em Portugal...
O Calvário, o Chico José, o Toni de Matos, a Maria Clara, a Madalena Iglésias, etc., etc., etc.
Não apreciei muito o António Calvário. Estava na guerra. E por ciúmes, acho eu: O Calvário tinha montes de miúdas atrás, e eu, que era todo desempenado e até bonitinho, fartava-me de rapar para conseguir que alguma me deitasse um olhar, nem que fosse de esguelha.
Eram os artistas do tempo do Estado Novo, a imagem da época.
Hoje, Portugal é o eterno 25 de Abril: Um calhau no Parque Eduardo VII, artistas feitos à pressa que só as gentes das televisões conhecem, professores sem preparação nem brio em concursos de cultura geral, intectuais e políticos a dizer alarvices nos Prós e Contras.
Estava em casa do meu avô, numa das janelas do piso superior.
Em frente um vale pouco acentuado, do outro lado a encosta das Travessas.
Era o ciclone do dia 15 de Fevereiro de 1941... pinheiros e outras árvores em geral tombavam sucessivamente umas atrás das outras até onde a vista podia alcançar.
Nada de pânico, era a natureza a impor as suas leis.
Não foi só em Lisboa, foi em todo o país. No Montijo, por exemplo, contaram-me mais tarde, terra ribeirinha, ao nível do mar, havia cadáveres a boiar no centro da vila.
Comparado com o ciclone de 1941 a "monumental" tempestade que um dia destes atravessou e fustigou o nosso país, pouco mais foi que um POF de um peido-de-bruxa.
Excepto na incomensurável e inversamente proporcional algazarra.
Entende-se. É o esbracejar do náufrago: De uma Comunicação Social fora do seu tempo, sem soluções para um fim que se adivinha... dos gritos de desespero do ambientalista porque não acredita que o dogma do aquecimento global está também a passar de moda.
Existem centenas de escritores que, sem nunca terem ganho um prémio literário, atiram para um canto os "Saramago" e os "Lobo Antunes". Um deles é o Nelson Rodrigues, escritor brasileiro, já falecido, desconhecido por cá. Dizia ele - aqui reproduzido por palavras minhas:
"LER, (em diagonal), muitos livros, sem nunca ser uma perda de tempo, também não é a melhor opção... o ideal é LER, (com olhos de ler), pouco, mas bem escolhido".
Como os textos do PPS do link em cima: POUCO, MAS DO MELHOR.
Tenho 83 anos, fui um razoável profissional, mais para o lado bom do que para o outro.
Sei disso porque o soube desde bem cedo, porque a idade não me mente e o caminho percorrido assim mo diz, porque tive algum feedback durante a minha carreira activa.
Não me lembro de algum dia alguém mo ter dito pessoalmente cara a cara.
Nós somos assim: É proibido ilogiar o próximo. Entre espezinhar o vizinho do lado ou elevar-lhe as qualidades, raramente temos dúvidas em optar pela promeira hipótse... A INVEJA.
Deve estar no sangue peninsular, talvez em especial no portugês.
A INVEJA. Corroi-nos por dentro, destroi-nos... não nos deixa enxergar direito.
Eu acho que o Carlos, o meu filho, sempre teve mais brinquedos do que aqueles que pedia.
Penso que nem ele era muito exigente, nem eu era unhas de fome. Sempre teve o que queria, tudo bem. Mas houve duas situaações de conflito. Uma com os Toys, uns carrinhos pequeninos em alumínio forjado em moda em Nampula no princípio de 1967. O Carlos queria todos.
Resisti, cedi, resisti, cediâ... Por fim ainda anda por aí um saco cheio deles.
A outra foi em Tete, ele com dez anos. Queria uma bateria. Aí parou!
Ele acabou por compreender que para acabarmos atirados aos crocodilos no Zambeze não era preciso mais nada que uma bateria a martelar aos ouvidos de todo o bairro. O Carlos acabou por desistir da bateria, leu o "Grito de Batalha", um calhamaço de 800 páginas.
Mobilizou a seguir o filho do vizinho do lado, um miúdo de seis anos, pôs-lhe às costas uma velha mochila cheia de pedras, dias depois de treino e marchas forçadas de manhã à noite o pobre do Pedro era um marine americano da Guerra do Pacífico em toda a sua grandeza.
Perguntado a um antigo professor de matemática reformado o que pensava ele do actual ensino por comparação com o de outros tempos, respondeu: "A minha maior dificuldade foi aturar os pais dos alunos nos meus últimos anos de actividade".
Mas porquê tanta admiração, quando hoje qualquer analfabeto que não sabe responder quantos são 9 vezes 7, nunca leu um livro, nem sabe somar duas frações, vai à escola tirar satisfaçõµes ao professor que admoestou o seu menino cábula por má educação?
Alguém contribuiu para isso. Acho eu. Mas de uma coisa tenho a certeza: Eu nunca permitiria, nem permiti, que alguém atirasse com o meu estatuto de classe na sarjeta, que metesse o nariz na minha vida profissional, ou quisesse fazer de mim um carneiro quezilento de coleira e açaimo em permanente conflito com quem tinha o dever de respeitar e manter as melhores relações, pelo menos em nome da boa saúde física e mental para o bem de todos.
Fora disso, como eu dizia em 1970, com dezoito anos de mecânico de aviões na Força Aérea:
"O mundo não acaba à porta de armas"
E não acabava. Como constatei nos outros vinte e seis anos que se seguiram.
QUEM NUNCA SE VIU...
Nada de novo, os americanos usam isso há décadas.
Mas por cá, por distração das chefias dos velhos tempos, faltou na Força Aérea Portuguesa uma especialidade inovadora a que podia ter-se chamado "Cineastas voadores". Era giro.
Pelo que se vê por aí, onde a cada tic tac do relógio nasce um heroi ou um feito nunca visto, com umas centenas de retratistas a mão, imagine-se o festival de cinema que não tinha sido com os milhares de salvamentos, evacuações e trabalhos bicudos que enfrentámos.
Quem nunca se viu, e de repente se vê, até o cu vê ao espelho.
Falando de violações, assédio sexual, etc. e tal, concluí que nenhuma feminista, afim ou similar do que tenho visto por aí, teria algo a temer de mim, mesmo nos meus tempos áureos.
Apenas porque estava lá, e não era mecânico de aviâo de serviços auxiliares, sempre fui mais ou menos chefe desde os meus 26 anos de idade.
Nunca me fez alterar o passo, fazia a minha obrigação e chegava muito bem.
Estava na DETA aos 39 anos, tinha acabado o antigo Sétimo Ano, estava nos meus propósitos começar a mexer os cordelinhos para fazer valer as minhas novas habilitaçõss. Isso era uma coisa... a outra, correr com o chefe no 25 de Abril, nem me passava pela cabeça.
Explica-se: Eu tinha os cursos do Friendship e Boeing 737, os aviões da DETA, mas trabalhava nos dois aparelhos apenas há um ano. Papeis na gaveta não significam saber nem competência. Sabia bem o que era a responsabilidade de chefiarâr. Na DETA, eu não tinha as menores condições para exercer uma categoria profissional superior à que tinha na altura.
Tinha treze anos de chefe, sabia o que era chefiar... sabia que chefiar sim, mas com arcaboiço, conhecimento da responsabilidade, a saber o que estava a fazerâ.
Mas sei na minha área onde o contrário também aconteceu: Onde o chefe foi corrido sem que o autor do movimento para se guindar a si mesmo à chefia tivesse as mais elementares bases para assumir o cargo. Foi uma amostra do que se seguiu ao 25 de Abril de 1974.