Deixou dito o Professor José Hermano Saraiva: "Cada palavra do Luís de Camões levava o selo do objectivo e do endereço... nada ficava nas nuvens".
Luís de Camões, o disse: "Um fraco rei faz fraca a forte gente gente"
Ter acabado com a obrigatoriedade do estudo de "Os Lusíadas" na escolaridade foi um dos maiores crimes dos últimos quarenta anos no ensino português.
Já o disse, repito e mantenho: Qualquer pessoa que se decida a estudar "Os Lusíadas" com afinco durante dois ou três meses, fica com uma cultura geral que dá cartas a qualquer borra-botas que ande por aí armado em iluminado.
(Com todo o respeito pelo Professor José Hermano Saraiva. Foi ele mesmo que a contou num dos seus programas "Horizontes da Memória")
Durante uma viagem para a terra dele, lá para os lados da Cova da Beira, como bom professor estudioso e investigador de história que era, o Professor Hermano Saraiva não resistiu a parar na Batalha para dar uma vista de olhos. Perto do local da Batalha de Aljubarrota. Grandes escavações, ossos a Céu aberto por todo o lado, o professor não conseguiu esconder a curiosidade. - Então é assim? – perguntou ele admirado. – Tudo ao Deus dará?… Não há por aqui ninguém responsável para cuidar deste património? - É como pode ver – respondeu um dos trabalhadores. E continuou: – Aqui cada um serve-se do que lhe apetecer sem dar satisfações a ninguém. - Sendo assim, também vou levar um – disse o professor. Escolheu um osso dos maiores. O homem da obra encostou a enxada, enrolou o osso num velho e amarelado jornal, entregou-o ao professor. O professor filosofou: - Veja lá você o que é a vida... Vem um pobre homem sabe-se lá de onde, morrer longe de casa para hoje não se saber se era espanhol ou português… - Esse também não sabia – atalhou o trabalhador. - Como não?… como é que você sabe? - Porque esse aí era um cavalo. Aniceto Carvalho
Um mundo de histórias vividas se houver tempo e disposição.
MAIS OU MENOS, ASSIM POR ALTO A razão porque alguns países prosperaram nos séculos passados e começaram a definhar nas últimas décadas a partir dos meados do Século XX: Porque o europeu chegava à América e à África, à Venezuela, ao Brasil, a Angola e Moçambique e plantava couves… actualmente, se o caldinho não estiver já feito e a fumegar ninguém lá põe os pés. Aniceto Carvalho
Qual será a percentagem dos portugueses que sabem hoje que Moçambique, o antigo território português na costa Oriental da África, é quase uma vez e meia maior que toda a Península Ibérica, oito vezes e meia maior que o Portugal Europeu? Quem andou de cá para lá e de lá para cá entre o Portugal de então de aquém e além mar deve lembrar-se que se comparava Angola a um abastado provinciano sem lisura, e Moçambique a um pequeno burguês, remediado e um pouco aristocrata. Mais ou menos isso: Enquanto Angola era um Portugal genuíno no Sudoeste Africano, a influência da cultura inglesa no território português da costa do Índico, embora discreta, notava-se bem… muito principalmente da África do Sul, em redor de Lourenço Marques, e da antiga Rodésia, na Beira e no centro do território. Embora não tão rico como Angola, tanto quanto se julga saber, Moçambique era uma terra prodigiosa até nas zonas onde nada parecia valer a pena. Moçambique tinha tudo para ser um país de outra galáxia. Chegou a participar no Commonwelth nos primeiros tempos depois da independência do país. Sabe-se lá porquê, até disso desistiu. Hoje, dos 193 países do mundo, Moçambique é um dos mais pobres, o 180º no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. Aniceto Carvalho
Nunca trates mal ninguém... podes vir a precisar dele.
RESTOS DO INFERNO Diz o Mia Couto que a cidade da Beira, em Moçambique, na costa Oriental da África, lhe faz lembrar velhas histórias. Não admira: Ele é de lá.
Mas a mim também... e de que maneira!!!:
Foi precisamente na placa do Aeroporto da Beira que, por uma unha negra, e sem qualquer motivo, dois elementos da FRELIMO não me fuzilaram a tiros de metralhadora no Domingo de Páscoa de 1976. Repito: Sem qualquer motivo e a sangue frio. Aniceto Carvalho