A NOITE DOS ALIENADOS 1000.000.000 (Mil milhões) 1000.000.000 (Mil milhões) de pobres de Cristo postados em frente de um ecrã de televisão horas a fio para ver um desfile de vaidades, mediocridades e ídolos de pés de barro que movimentam milhões a jogar à bola.
Você sabia que os piores, mais rascas, reles e rafeiros programas de televisão são apresentados pelos apresentadores mais bem pagos?
Tem sido tão venenosa a propaganda abrilesca nestes últimos 45 anos que o cidadão comum nem tem tido tempo para se perguntar quem eram, onde estavam e o que faziam tantos progressistas iluminados no anterior regime.
Menina bem da capital, arquiteta, etc. e tal, saltou para a rua em festa, a festejar sabe-se lá o quê... sem se lembrar do perigo, deixou em casa duas filhas pequenas, a precisar de cuidados médicos, entregues a uma criada.
Bateram-lhe à porta logo de manhã. Era para lhe comunicar a boa nova do dia 25 de Abril. Mas ele não sabia, Obviamente de consciência pesada sabe-se lá porquê, num rasgo do coragem heróica mandou a mulher ir abrir a porta.
Aos milhares, tudo gente do melhor... Alguns até saltaram directamente da prisão de delito comum para as bancadas da Assembleia da Republica.
EDUCAÇÃO SÉCULO XXI A senhora tem 52 anos. Divorciada, separada, coisa assim. Por isso ou sei lá porquê, é uma mulher avinagrada com quem o convívio não aparenta ser nada fácil.
Fez anos há dias, o filho e a pseudo nora ofereceuram-lhe um jantar de anos. Bolo de aniversário à maneira, no cimo a toda a largura do diâmetro, um PÉNIS em todo o seu esplender. A legenda: "Tu precisas é disto". Embatuquei ao ver a fotografia, balbuciei apenas: - Não acho graça nenhuma. Ela acrescentou: - Nem eu. Que educação terá tido esta reles e inqualificável criatura para ter este miserável nível de comportamento para com a própria mãe? Não sei. Responda quem souber Aniceto Carvalho
SOU DO TEMPO… O passado não faz mal nenhum a ninguém… Pelo contrário:, o passado ensina-nos a náo repetir as mesmas asneiras. O presente sim: A vilitipendiar o passado para esconder a mediocridade é que o presente pode arrasar o futuro. Sou do tempo em que as crianças começavam a aprender o que era a vida com os primeiros passos, a trepar às árvores, aos ninhos, aos grilos, a saltar muros e valados, a executar pequenas tarefas caseiras, a saber que o trabalho faz parte da vida. Sou do tempo em que se ia para a escola aos sete anos com uma sacola de pano a tiracolo com dois livritos e uma ardósia lá dentro que tinham sido de um irmão mais velho ou de uma tia quinze anos antes. Sou do tempo em que a Quarta Classe era a sério, quando se sabia na ponta da língua a tabuada, as serras, os rios e os caminhos de ferro portugueses, se faziam contas de multiplicar e dividir com quatro algarismos, de quando seis anos de trabalho depois se entrava na Aeronáutica Militar para um curso de mecânico de avião – matemática, física, aerodinâmica, etc. - e não se fazia má figura. Sou do tempo em que as crianças ainda de cueiros não eram encaixotadas dentro de quatro paredes com grades durante anos a fio sem um carinho dos pais nem saber a diferença entre uma couve flor e uma galinha. Sou do tempo em que a minha professora da Instrução Primária ministrava uma sala mista de quarenta alunos da Primeira à Quarta Classe, dava aulas de religião e moral aos sábados – o que hoje fazia muito jeito a muita gente –, ensiva trabalhos manuais, punha tods s gente a fazer ginástica, organizava jogos durante o recreio -, num largo na aldeia -, nos levava a pic nics nas ínsuas do Ceira, a ver filmes históricos, nos dava duas horas de aulas extras por dia em casa dela a dois meses dos exames. Vale de Vaz, Vila Nova de Poiares, no dealbar dos anos 40 do Século XX. Tenham sido muitas ou poucas as lavagens ao cérebro, dêm-lhes as voltas que quiserem, tudo isto é rigorosamente verdade. Outros tempos. A professora do Secundário recomendou à aluna do último ano um livro do Eça de Queiroz. Podía ter-lhe recomendsdo “A Cidade e as Serras”, ”A Ilustre Casa de Ramires, “Os Maias”, etc... Mas não. A ilustre professora do Ensino Secondário recomendou a uma miúda de 18 anos “O Primo Basílio”, o livro mais pronogrático do brilhante escritor português. Desculpa-se: Talvez a didtinta professora só tenha lido “O Primo Basílio” em toda a sua carreira académica, por certo de capa e batin a brilhar de autocolantes. Aniceto Carvalho
MARIA ALICE Uma das mulheres com a estrutura mental mais equilibrada que eu conheci em toda a minha vida. (Confirmado por muita e boa gente). Chamava-se Maria Alice Ferreira de Carvalho e era minha irmã. Decisão minha, e só minha, a quem apenas tenho de prestar contas, um mès depois de fazer os doze anos, em Abril de 1947, deixei para trás a minha terra, as saias da minha mãe , fui à procura de outra vida. Embora a saber ler e escrever bastante bem, tanto o meu pai como a minha mãe, foi à minha irmã Alice – catorze meses mais nova do que eu - que ficou mais ou menos entregue a tarefa de se corresponder comigo. Correram meses. Entre outras novidades da terra no entretanto, cerca de seis meses depois recebi dela uma carta a comunicar-me o nascimento de mais um irmão: Era o Lino. Sei lá onde onde é que eu fui buscar o chinfrim, sem sentir uma palavra do que escrevia, enchi uma carta de louvores ao nascimento da criancinha, sei lá o quê, como se a criatura recém nascida fosse uma segunda versão do Menino Jesus. Com onze anos acabados de fazer, a minha irmã respondeu: “Deixa-te mas é de parolices que nós já cá tínhamos cinco e chegavam muito bem!” Nunca teve carro, pouco saiu da terra, creio que nem a 4ª: Classe fez. Era e sempre foi assim a minha irmã Alice… Aniceto Carvalho
QUEM NÃO TEM CÃO Não porque eu perceba alguma coisa do assunto, mas porque a economia me merece alguma curiosidade, tive há dias o grato prazer de trocar algumas palavras com uma senhora dos meus tempos licenciada no ramo. Lia um autor que eu desconhecia, disse-me que lhe tinha ficado o jeito de ler desde o Segundo Ciclo antigo, Terceiro, Quarto e Quinto ano do Liceu, de quando eram "recomendados" os cento e tal textos da Selecta Literária, ”Os Lusíadas” da primeira à última estrofe, dez livros de autores portugueses. - E quem chumbasse a português chumbava o ano todo – acrescentou- Era do tempo em que as áreas de estudo do Sétimo Ano para a universidade era por alineas: Alénea “E” para direito, “G” para económicas, “F” para engenharia, medicina, etc: Matemática, física-quimica, ciências naturais, geometria descritiva… e as duas nucleares: Filosofia e OPAN. - Oh, essa, a “F”!!! – exclamou ela – era a pior. - A quem o diz… respondi. Eu tive de trabalhar (estudar) dezenas de vezes mais que qualquer estudante que hoje chega à universidade: Com excepção da Primária, de umas explicações no Primeiro Ciclo e de umas aulas no primeiro ano de direito, eu nunca gastei bancos de escola… foi tudo a pulso a tirar dos livros para os exames, nas horas vagas de uma profissão de elevada responsabilidade, com dez cursos técnicos profissionais pelo meio.
Impressiona-me tanto por isso a presença de uma capa e batina a adejar carregada de autocolantes como um macaco fardado de general… Nem percebi o que poderia levar uma “universitária” a visitar uma instituição de idodos num domingo à tarde naquele preparo de vaidade parola. Reparei melhor: Embora já bem longe dos vinte anos a rapariga não teve qualquer manifestação especial, ninguém lhe ligou, nem o candelabro conseguiu sugerir algum brilho à vulgaridade: A moçs, coitada, não valia um pataco. Enfim, uma tristeza!!! Ou… Quem não tem cão, caça com gato!!!
CURVAS DO TEMPO A primeira miúda que me fez revirar os olhos a dançar foi a Helena “Zanaga”, minha prima, num baile nas Paúlas, lá na terra, no São João de 1952… a segunda foi a Madalena, um ano mais tarde, na Sociedade do Algueirão de Cima. Era o sangue dos dezassete, dezoito anos em todo o seu vigor. Dois anos depois, no baile da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, a Daniela era a miúda mais bonita e jeitosa, a que melhor se ajustava à medida do meu braço direito, à altura da minha boca, aos contornos do meu perfil dos vinte anos. Era o que eu pensava, não necessariamente o mesmo que ela: Só ela, sozinha, a Daniela deu-me mais tampas nos bailes da Tertúlia Tauromáquica do Montijo do que todas as outras desde os meus primeiros passos de dança aos três ou quatro anos nos bailes em casa do meu pai. E ainda bem… podem acreditar. A Daniela, no entanto, a verdade seja dita, não dançava comigo mas também não dançava com mais ninguém. A Daniela esperava o principe encantado: Um presunçoso menino bem do sítio que, lá por ter mais um ou dois anos de escola, embora nem carne nem peixe na sociedade montigense, navegava na esteira dos fidalgotes da terra. A criatura tinha enxovalhado a moça, esta contou ao pai, este sacudiu o artista pelos colarinhos, antes que as coisas piorassem com umas arrochadas, o pertenço menino bem desandou para outras paragens. O presunçoso galã acabou por casar com a miúda do mais fantástico par de pernas do Montijo, talvez da Penímsula de Setúbal e arredores. Aparentemente impensável na altura, a Daniela casou com o Narciso, um modesto jovem montijense da mesma altura que eu não conhecia. Passaram largos anos, porque as famílias destes montijenses e a da minha mulher eram vizinhas, nos anos oitenta lá voltámos s cruzar os mesmos caminhos não muito longe uns dos outros nas imediações do centro ds vila ribatejana. Por razões comerciais fui amigo do Narciso na altura que ele abriu um estabelecimento de venda de artigos eléctricos na Avenida João de Deus. Um dia mandei lá o meu filho, na altuta com vinte e poucos anos comprar não sei já què. Regressou extasiado, de olhos a brilhar: - Que fantástica miúda!!! – disse ele ao regressar. Referia-se à jovem que o tinha atendido, filha do Narciso e da Daniela. - Cuidado – avisei. - Essa moça é filha de uma das mais bonitas miúdas do Montijo de há trinta anos atrás… hoje uma parente próxima do Abominável Homem das Neves, por ali, entre a Ti Mila Das Meias e a Casa Faz Chuva.
Desde que tenhamos chefes à altura - faltou-lhe acrescentar.
Miseravelmente atirada para o esquecimento dos portugueses a fim de tentar disfarçar a mediocridade e a incompetência que se lhe seguiram, a Guerra do Ultramar é um bom exemplo na história mais brilhante de todos os países do mundo...