JANUÁRIO SACRIPANTA
JANUÁRIO SACRIPANTA
Ainda nos seus rijos quase oitenta anos, Januário Sacripanta reunia no banco do jardim lá do sítio com os seus contemporâneos. Januário Sacripanta falava claro, alto e bom som, tratava os bois pelos nomes.
- É a verdade, amigos. Nada de que me orgulhe, apenas a verdade. Eu palmilhei todas as cadeias do país. De Paços de Ferreira ao Linhó, do Linhó a Vale dos Judeus. Tudo. De Norte a Sul, do Minho ao Algarve...
Januário Sacripanta deteve-se, fez uma polongada pausa:
- Minto – acrescentou ele. – Peço desculpa. Nunca estive preso no Forte de Peniche, em Caxias, nem em nenhuma prisão política.
Januário Sacripanta fez mais uma pausa, avaliou o supense e atirou.
- Eu era bandido, não me dava com gente de má nota: traidores e afins!
Aniceto Carvalho
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